“Política Externa do Brasil: Por que as Contradições Estão Chamando a Atenção?”

Política

A política externa do Brasil, em meio a um cenário global turbulento, precisa urgentemente de um equilíbrio entre o que se diz e o que se faz. Com a 79ª Assembleia Geral da ONU se aproximando, a expectativa recai sobre o discurso inaugural do presidente Lula, conhecido por sua habilidade diplomática. No entanto, a realidade é que a diplomacia brasileira, sob sua terceira gestão, apresenta uma distância preocupante entre as declarações e as ações concretas.

Historicamente, o Brasil se destacou como um líder em fóruns internacionais, adotando uma política externa “altiva e ativa”, conforme definido pelo ex-chanceler Celso Amorim. Entretanto, atualmente, as promessas do governo são frequentemente apenas palavras. Embora Lula aborde temas cruciais como direitos humanos e mudanças climáticas em palcos como a ONU e o G20, a atuação do Itamaraty revela uma contradição. Há um desalinhamento entre a retórica presidencial e as políticas efetivas, gerando incertezas sobre a real influência do Brasil no exterior.

Um exemplo claro é a crise na Venezuela, onde Lula se manifesta a favor de novas eleições, mas, ao mesmo tempo, evita uma posição firme que respeite a não intervenção em assuntos internos de outros países. A pressão externa, especialmente após discussões com Joe Biden sobre a situação venezuelana, ressalta essa ambiguidade, levantando questões sobre a verdadeira autonomia da política externa brasileira.

Portanto, se o Brasil almeja ser reconhecido novamente como um protagonista no cenário internacional, será crucial que suas ações correspondam a suas palavras. A consistência entre discurso e prática é fundamental para restaurar a credibilidade do país no palco global.

A política externa do Brasil sob a liderança de Lula enfrenta uma significativa contradição entre o discurso e a prática. A relação com Israel exemplifica essa desconexão: enquanto Lula critica abertamente o governo israelense, especialmente após ataques do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Brasil continua a negociar a compra de armamentos israelenses. Essa dualidade gera dúvidas sobre a capacidade do país de afirmar-se como um ator relevante no cenário internacional.

Recentemente, no discurso da “Cúpula do Futuro”, Lula enfatizou a necessidade de revitalizar o multilateralismo e abordar questões como a fome e as mudanças climáticas. Contudo, o Brasil enfrenta sérios desafios internos, como queimadas devastadoras, que afetaram vastas áreas de vegetação nativa e impactaram milhões de pessoas. Essa situação agrava a crise política e expõe tensões entre a proteção ambiental e as obrigações fiscais do governo.

Além disso, apesar de posicionar o Brasil como líder em questões ambientais, os avanços em metas de desmatamento permanecem tímidos, levantando questionamentos sobre a real eficácia das políticas adotadas. Assim, o governo Lula precisa urgentemente alinhar sua retórica com ações concretas, especialmente diante de um cenário geopolítico em constante transformação. O teste na Assembleia Geral da ONU será crucial para determinar se o Brasil conseguirá restaurar sua credibilidade no cenário global.